Investigadores portugueses estudam divisão das células, um dos passos fundamentais para a criação de um ser vivo.
Seguir proteínas fluorescentes no microscópio é uma das actividades que mais tempo tiram aos investigadores. Lars Jansen, que fundou uma nova equipa de investigação no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, no ano passado, desenvolveu uma nova técnica que permite ver diferentes populações da mesma proteína. A técnica deu ao investigador um subsídio de instalação da European Molecular Biology Organization (EMBO) e pelo meio ajudou a descobrir mais um passo do mecanismo que separa os cromossomas quando se dá a divisão celular. O estudo foi publicado na Nature Cell Biology.
A divisão celular transforma uma célula num organismo, regenera os tecidos vivos e permite a produção das células sexuais que garantem a sucessão de gerações. Quando uma célula se replica é essencial que os cromossomas, onde estão as moléculas de ADN, se dividam equitativamente para as células filhas. A separação acontece quando os cromossomas estão na sua forma mais fotogénica e se parecem com um X, e faz-se a partir de uma estrutura de proteínas chamada centrómero, que liga os dois braços do X que contêm exactamente a mesma informação genética.
Durante a divisão, uma bola de proteínas chamada cinetocoro adere a este centrómero. É a partir desta região que se liga um fuso de moléculas que separa cada braço do X para cada lado da célula, esta parte-se ao meio e a divisão termina com duas novas células com o mesmo ADN.
A equipa de Lars Jansen descobriu que a primeira proteína do cinetocoro a ligar-se ao centrómero é a CENP-N. "Sem esta proteína, não se recruta o cinetocoro e perde-se a identidade e função dos centrómeros", explicou Mariana Silva, uma das autoras do artigo. A doutoranda do IGC acrescenta que a ausência da proteína leva a uma separação errada dos cromossomas, o que pode originar células cancerígenas.
O estudo foi uma colaboração com um grupo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O grupo pediu auxílio a Jansen por ter desenvolvido uma técnica que permite seguir populações diferentes da mesma proteína no microscópio, que estão marcadas com cores fluorescentes diferentes. Foi por esta técnica que Jansen recebeu o subsídio da EMBO, que dá direito a 50 mil euros por ano, durante os próximos cinco anos.
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