Portugal é um país dominado por uma elite que se conhece há longos anos, partilhando o mesmo percurso pós-revolucionário. Não é gente com caminhos muito diferentes - e todos parecem sentir que esse serviço que prestaram ao país é uma conta difícil de saldar. É como se fossem credores da liberdade que hoje se vive. E isso parece autorizá-los a ter dos negócios e do Estado esta visão tão promíscua. Isso explica silêncios e omissões - até esquecimentos, como aconteceu com Dias Loureiro - em relação a assuntos públicos. Não é que se protejam uns aos outros, mas é como se fizessem parte de uma congregação que acredita que, na ausência da sua avisada acção, poderia muito bem não ter existido país.
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