O presidente da Feira de Milão, Claudio Artusi, desafiou ontem a comitiva portuguesa a organizar, numa das próximas edições da Micam - a mostra italiana de calçado que é também a mais importante no contexto europeu -, um evento especial dedicado ao país que, depois da Espanha, tem neste certame a segunda maior delegação estrangeira (80 empresas representadas).
O desafio foi aceite e endereçado aos empresários pelo ministro da Economia. Manuel Pinho admitiu até propor aos representantes do sector do mobiliário que realizem também uma iniciativa especial em Milão, que descreveu como a capital do design. O design italiano é reconhecido em todo o mundo, e o ministro tentou até brincar com o assunto, dizendo aos jornalistas que tinha pensado passar por Milão para comprar sapatos made in Italy, ideia que deixou de parte, continuou, por ter ficado "impressionado" com a qualidade da produção portuguesa representada na Micam.
O ministro gostou mesmo foi de ouvir da boca dos empresários com quem contactou previsões de crescimento para 2008 que, imunes ao anunciado abrandamento económico mundial, ultrapassam, em muito, as expectativas macroeconómicas do país. No cosmopolitismo de Milão, estão representadas marcas que tratam os mercados internacionais por tu - sendo que o sector, como se sabe, exporta já 90% do que produz - e que estão na Micam a procura de novos contratos de exportação.
Apesar de alguma desilusão com o facto de a feira ter sido transferida de Março para Fevereiro, o que, admitia-se, poderá ter afastado alguns visitantes, o ambiente, pelo menos à passagem de Manuel Pinho, era positivo, com empresários a atirar-se a crescimentos na ordem dos 10, 20 ou até 30%, como é o caso da Silvia Rebatto, marca de sapatos para mulher cuja representante, Miriam Silva, interrompeu uma profícua conversa com uma comitiva de japoneses para receber o ministro.
Pela amostra representada na Micam, Pinho não teve pejo em usar a palavra "pujança" para descrever o ambiente no sector do calçado. O ministro esteve quase a sair da feira sem ouvir uma queixa, e o único desabafo que escutou soou mais a desafio: Marcelo Santos criou há cinco anos, com sucesso, uma marca para mulher, a Softwaves, e lembrou a Pinho que, nesta área, "falta gente com competências técnicas, no design e no marketing. Faltam pessoas com força e atitude", avisou o empresário, um dos poucos que, admitindo expandir os seus negócios este ano, evitou avançar com uma meta concreta, refugiando-se nos desafios, que, notou, "são mais do que muitos".
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