O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, afirma que o banco vai expandir a actividade a Hong Kong, tendo já pedido as licenças, adiantando que deverá iniciar a operação em breve.
"Estamos a actuar em Macau, a pedir licenças para operar em Hong Kong e vamos expandir-nos para esta praça financeira a breve trecho", diz o responsável pelo BES. Salgado falava à margem do "Global China Business Meeting" que decorre hoje na capital portuguesa e onde participam 200 empresários e quadros superiores das maiores empresas chinesas, de um total de 400 participantes de todo o mundo.
"Hong Kong tem um dinamismo financeiro incontornável e a China está a abrir-se devagarinho. É preciso estar nesta praça financeira, pois a China está a começar a permitir aos operadores em Hong Kong a terem acesso à moeda local, nomeadamente através de emissões de obrigações. Mas esta é uma fase inicial", explica.
Questionado sobre se o "triângulo Dourado", Portugal/África/Brasil, é uma janela aberta para os investidores, Ricardo Salgado diz que "não é uma janela, é uma porta grande e muitos empresários estão a beneficiar disso". "É um triângulo virtuoso que não é só histórico, nem estático. É muito interactivo e dinâmico, porque os portugueses estão a fazer negócios nesses países e a investir. Temos, depois, os angolanos a investir em Portugal, o que é de louvar. Os brasileiros a investirem no mercado português para entrarem na Europa e, agora, estão a investir em África, nomeadamente em Angola e Moçambique", salienta.
De acordo com Salgado "é um triângulo muito interactivo que está a adquirir uma grande força da qual Portugal tem muito a beneficiar se souber fazer bem as coisas, mas também se internamente se adaptar a essa realidade".
"Nós, infelizmente, temos ouvido em Portugal falar muito em desemprego, recuperação, desenvolvimento e do orçamento, que tem de estar equilibrado. Todos partilhamos destes princípios, mas não podemos deixar de ter uma visão estratégica e lateral para o que se passa no mundo que se está a globalizar a uma velocidade impressionante". Daí que a prioridade para o gestor seja "acompanhar os nossos empresários", embora reconheça que "alguns têm tido dificuldades em entrar na China, não todos, mas a maioria. Estão mais orientados para o Atlântico Sul e para o Norte de África e, por isso, estamos também [na China] a adquirir posições para os apoiar".
Mais de um terço do crescimento mundial tem origem na China, país que até 2020 vai ser a maior economia do mundo, e que no próximo ano irá ultrapassar o Japão.
"Esta parceria estratégica no Atlântico [Portugal, África - Angola e Moçambique] pode ser uma atracção para o capital chinês também entrar nessas regiões", sublinha.
A China é actualmente uma fonte de liquidez e de capitais e "está a reciclar capitais e a investir [também] no Ocidente", diz Salgado, lembrando o papel que Portugal pode ter.
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