O jornal The New York Times publicou domingo um artigo sobre o lançamento de um novo jornal em Portugal, o i, mostrando surpresa pela iniciativa em contra-ciclo com a tendência internacional de cortar custos na imprensa.
Intitulado "Editora em Portugal escolhe boa altura para lançar jornal", o texto - escrito a partir de Paris - começa por dizer que "seria difícil encontrar um país menos prometedor para lançar um jornal do que Portugal".
Além disso, acrescenta o jornalista, os leitores em Portugal, como em todo o lado, estão a abandonar a Internet, sendo "poucas as pessoas que sequer compram jornais" enquanto a publicidade na imprensa sofreu uma redução de 40% este ano.
No entanto, "Portugal lançou recentemente um novo [jornal] chamado i, que é uma abreviatura de Informação", refere o artigo, citando também o presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro que afirma que "toda a gente ficou espantada com o lançamento".
"Esta foi a melhor forma de dar relevo à marca no menor período de tempo possível", justificou ao NYT o director, Martim Avillez Figueiredo, adiantando que a ideia é expandir o nome i a outros media, sendo que, para já, o título já está na Internet.
Segundo o The New York Times, não foi só o "timing" de lançamento do i que foi contra-corrente, mas também a organização e design do jornal.
"A primeira página parece mais uma capa de revista do que de de um jornal e o formato também é mais de revista, com as páginas unidas a meio", relata o título norte-americano, descrevendo também a forma de organização da informação, com os artigos de opinião primeiro e as notícias de política, economia e outras todas misturadas.
O NYT cita ainda o professor da Universidade Livre de Bruxelas (Université Libre de Bruxelles, ULB), José Manuel Nobre-Correia (que escreve no Diário de Notícias aos sábados), especialista em questões de media, ao referir que Portugal tem um dos níveis de vendas de jornais mais baixos do mundo desenvolvido, com apenas 60 exemplares vendidos por cada 1000 pessoas.
"Num país com uma população de 10 milhões de pessoas, estes números são ridículos", disse.
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