Carlos de Mattos fundou em 2000, com um dos seus três filhos, Marcos, a CDM Interactive, uma empresa de investimentos na área dos media, imobiliária e entretenimento.
Tinha 16 anos quando pisou solo americano pela primeira vez. Apaixonou-se pela Califórnia e pela "abertura de mentalidades" e não quis mais sair de lá: "É preciso perceber que Portugal, na altura, estava sobre a ditadura de Salazar e a diferença entre as duas sociedades era enorme. Senti que os EUA era o lugar certo para mim e para qualquer jovem sedento de independência e sucesso."
Quando voltou para Portugal, tinha apenas um objectivo: regressar rapidamente para a terra das oportunidades. Candidatou-se a uma bolsa de estudo na embaixada dos EUA em Lisboa e dois anos depois foi aceite em duas Universidades da Califórnia. Aos 18 estava de volta à América, em San Fernando Valley, Los Angeles, de onde nunca mais saiu.
Apesar do sonho, Mattos, confessa que ao início foi difícil: "A adaptação ao estilo de vida americano, principalmente em Los Angeles e Hollywood, foi complicado. Não tinha carro e aquilo era tão grande que eu não podia deslocar-me sozinho, estava sempre dependente de outros para arranjar transporte."
Então mas e os Óscares? Mattos ganhou dois Óscares na categoria Científica e Técnica, em 1983 e 1985. Esta categoria premeia aqueles cujo trabalho permitiu avanços técnicos na produção cinematográfica. É uma cerimónia à parte, apresentada por uma estrela de Hollywood, fora da cerimónia dos Óscares transmitidos pela televisão.
O primeiro Óscar que lhe foi parar às mãos foi com a invenção de uma grua em túlipa que foi usada pela primeira vez por Steven Spielberg, no filme E.T.. O segundo foi-lhe atribuído pelo desenvolvimento de uma câmara por controlo remoto, usada pela primeira vez por Francis Ford Coppola nas filmagens de Cotton Club.
A entrada neste mundo técnico aconteceu mais ou menos por acaso: "Quando aqui cheguei só tinha visto de estudante e não podia trabalhar. Para poder ganhar dinheiro sem quebrar a lei, juntei-me a dois amigos americanos numa espécie de sociedade e começámos numa garagem a construir estruturas e equipamentos de luz para os Estúdios Major."
O negócio cresceu, transformou-se na Matthews Studio Equipment e passado pouco tempo Carlos teve direito a carta verde para trabalhar e permanecer no país. O casamento com Elena, sua mulher há 35 anos, permitiu-lhe adquirir a nacionalidade americana.
Os seus equipamentos já brilharam em filmes como Exterminador Implacável, Forrest Gump, Titanic, espectáculos da Broadway ou em concertos e eventos, como digressões dos Rolling Stones, várias Super Bowls e Extreme Games.
Além de tudo, Carlos é um dos membros da Academia e um dos votantes dos Óscares. E mesmo o facto de serem seis mil membros e de qualquer pessoa vencedora de um destes prémios poder fazer parte do grupo, não lhe tira mérito. Para Carlos o melhor filme deste ano é o Hereafter - Outra Vida, de Clint Eastwood. No entanto, e como este filme não foi apurado para as nomeações, aposta em A Rede Social.
Portugal no coração.
Carlos vive há mais tempo na Califórnia do que viveu no país natal, mas nem por isso esqueceu as coisas boas que é como quem diz, a comida: "Adoro cozinhar, é uma das minhas paixões. Faço caldeirada, bife à portuguesa, carne de porco à alentejana e vários tipos de bacalhau, mas o meu preferido é à Braz."
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