Resolução parlamentar obriga à utilização da língua portuguesa pelo menos uma vez por mês.
Indonésia quer investir no petróleo timorense
A língua portuguesa foi ontem utilizada, pela primeira vez, no debate parlamentar de Timor-Leste, dando cumprimento a uma resolução tomada pelo parlamento nacional em Outubro do ano passado. Na sessão plenária, o presidente do parlamento, Fernando Lasama Araújo, justificou a escolha do português com a necessidade de os deputados criarem o hábito de se exprimirem numa das duas línguas oficiais do país, a par do tétum, tal como define a Constituição de Timor-Leste.
"A língua portuguesa, a par da língua tétum, faz parte do património nacional, sendo um elemento de unificação nacional, contribuindo decisivamente para a coesão da sociedade e do Estado timorenses", lê-se no documento.
Esta não foi, no entanto, a primeira vez que se ouviu a língua de Camões naquela câmara. Na última semana, por altura da visita do presidente do Tribunal de Contas português, Guilherme d''Oliveira Martins, as intervenções dos deputados foram feitas em português. A adopção da língua portuguesa nos trabalhos parlamentares tem em conta que o parlamento de Timor-Leste vai ser o anfitrião da Assembleia Parlamentar da CPLP, cuja próxima reunião se realizará este ano em Díli.
A língua portuguesa foi considerada pelo parlamento timorense "como instrumento privilegiado para o aprofundamento dos laços históricos e culturais com os estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa" e um meio para "o reforço da presença de Timor-Leste nos organismos internacionais, em que têm sido desenvolvidos esforços para a afirmação da língua portuguesa como língua oficial".
Também ontem, o governo de Jacarta manifestou interesse em investir em Timor-Leste. "Há vontade da Indonésia em investir nos sectores do petróleo e do gás. O governo indonésio encara positivamente o convite" de Timor-Leste ao investimento em várias áreas, incluindo estas, disse, em conferência de imprensa, Teuku Faizasyah, porta-voz do presidente indonésio para as relações internacionais, no âmbito da visita do primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão.
O governo indonésio deu ainda conta do seu interesse em investir em infra-estruturas naquele país, e disponibilizar crédito para comprar equipamento militar. O ministro da Defesa, Purnomo Yusgiantoro, adiantou ainda que Timor-Leste encomendou a um construtor indonésio de barcos uma lancha rápida para patrulhar o território, com um custo estimado de 14 milhões de euros. Teuku Faizasyah falava no final de um encontro entre o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, e o primeiro-ministro de Timor-Leste para discutir as relações bilaterais, no qual manifestou também o apoio indonésio à adesão de Timor-Leste à Associação de Nações do Sudeste Asiático.
Os dois chefes de governo concordaram ainda na necessidade de resolver os problemas relacionados com as fronteiras comuns, concordando na necessidade de "uma melhor gestão através de uma abordagem suave".
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