A integração ibérica está finalmente em curso. Quem o garante é Daniel Bessa, que está a coordenar um estudo sobre a indústria de calçado encomendado pela associação do sector, a Apiccaps. O economista sustenta-se no facto de a Espanha ser o país para onde as exportações nacionais "mais estão a crescer", tal como no vestuário, assegura, o que se deve às "relações de parcerias consolidadas" estabelecidas entre os industriais portugueses e os grandes operadores de moda espanhóis, como o grupo Inditex, detentor de marcas como a Zara. "Portugal tem vantagens operacionais e industriais evidentes e a Espanha olha para nós como um grande site produtivo", diz Bessa.
O segredo para tirar o maior proveito deste interesse tem passado por as empresas serem capazes de oferecer "desenho, estilismo e grande capacidade de interlocução do ponto de vista da moda e tecnológico", com vista à produção em regime de "parceria consolidada". "Teremos sempre muita dificuldade em estar no grande retalho avulso, porque são negócios de volume e baixo preço. Temos mais hipóteses se apostarmos no retalho especializado e nos segmentos mais altos e, ainda, em marcas mais restritas e especializadas que explorem determinados nichos", defendeu ontem Bessa, na apresentação dos resultados preliminares do estudo, que analisou a posição competitiva de Portugal em oito mercados. Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, os quatro principais de destino do calçado nacional, e EUA, Rússia, Japão e China, os emergentes com maior atractividade.
Bessa insiste que a Europa tem de "defender produtos de nicho" e considera que Portugal tem-se saído melhor no embate com os seus mais directos concorrentes, a Espanha e a Itália, por apresentar produtos de valor e qualidade equivalente, a menor preço.
Manuel Carlos, director-geral da Apiccaps confirma. "Somos o país que mais investe na Europa e o que mais acredita nas suas capacidades de reforçar a sua posição competitiva na Europa e no mundo", sublinhou.
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