Uma fotografia do Rei D. Carlos a rir é uma das raridades incluídas num álbum biográfico do monarca, de autoria de Maria Tavares Dias (MTD), que se afirma fascinada pela sua personalidade.
"Esta é a única foto que conheço onde o Rei está a rir e mostra os dentes, surgindo de uma forma muito informal. Há também outra, na parada de Cascais, mas está muito ao longe", disse a investigadora. A fotografia, "um instantâneo" de Joshua Benoliel, foi tirada na Tapada da Ajuda, em Lisboa, durante um torneio de florete. D. Carlos é acompanhado do irmão, o infante D. Afonso, que enverga uma farda militar.
"D. Carlos surge de maneira muito simples e informal. Traja um casaco sem bandas, colete de gola e um chapéu de abas, chamado na altura à republicana", explicou MTD.
"O Rei nem esconde a dedeira na mão direita, que protege o ferimento no dedo queimado pelo calor do charuto que fumava. Era o Rei na época que mais fumava", realçou. A investigadora afirmou que, do estudo feito sobre a vida do monarca que reinou de 1889 a 1908, quando foi assassinado em Lisboa, "nasceu um fascínio pela personagem régia".
"D. Carlos foi um chefe de Estado esclarecido e brilhante que colocou Portugal na Europa. Graças à sua acção diplomática Portugal manteve as colónias, o que foi muito importante no contexto da época", explicou.
Para a investigadora resta "intrigante" o facto de como "um Rei experiente e competente em termos políticos, foi tão crédulo em certas coisas". Estudiosa da correspondência régia dos reinados de D.ª Maria II e D. Pedro V, respectivamente avó e tio de D. Carlos, MTD salientou "a perspectiva de futuro" do Rei, que "procurou tapar buracos abertos por políticos incompetentes".
A viagem que o Príncipe D. Luís Filipe fez às colónias em 1907, de que no álbum se reproduz a primeira página do jornal "O Benguella" (Sul de Angola), é um exemplo.
"Foi a primeira vez que um membro da realeza visitou as colónias, desde a fuga da Família Real para o Brasil em 1807. Uma viagem instigada aliás pela Rainha D.ª Amélia", acrescentou.
"O príncipe herdeiro foi recebido entusiasticamente em todas as localidades coloniais que visitou, de Cabo Verde a Moçambique, passando por S. Tomé ou Angola", disse.
Além de várias fotografias do Rei, o álbum editado pela Quimera Editores, inclui imagens de outros membros da família real e de Eduardo VII de Inglaterra ou Afonso XIII de Espanha. A maioria das fotografias reproduzidas no álbum é do arquivo da autora.
Marina Tavares Dias tornou-se conhecida como olissipógrafa com obras como "Photografias de Lisboa 1900" (1989), "Os melhores postais de Lisboa" (1989) e a célebre colecção "Lisboa desaparecida" que logo em 1987 lhe valeu o Prémio Júlio Castilho.
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