Os recursos públicos "roubados" nos últimos anos em Macau atingiram valores superiores aos "roubados pelos portugueses" durante 400 anos, afirmou na quinta-feira o deputado Au Kam San na Assembleia Legislativa (AL) de Macau numa intervenção que provocou dois protestos.
Ao intervir no período antes da ordem do dia, San, eleito directamente nas listas da Associação do Novo Macau Democrático, salientou que "na época da governação colonial, os cidadãos de Macau nada podiam fazer quanto aos actos praticados pelos administradores não indígenas", mas que depois da implementação da Região Administrativa Especial (RAE) chinesa deveria ter-se aberto "uma nova etapa". Nas palavras de San a nova etapa não surgiu e o princípio do Macau governado pelas suas gentes não existe.
"O dono não somos nós. Os recursos políticos do Governo de Macau são monopolizados por uma minoria tal como os recursos económicos que são roubados à vontade por outra minoria", disse. Acrescentou também que "essas minorias vendem os bens do Estado a preço de saldo" e que os «roubos atingem um grau tão feroz que até os governantes colonialistas teriam dificuldade em com eles rivalizar".
As palavras de San, que a 20 de Dezembro, data em que se assinala o oitavo aniversário de Macau como RAE da China, organiza uma manifestação popular contra as políticas do Executivo de Macau, acabaram por provocar dois votos de protesto proferidos pelos deputados Leonel Alves e José Pereira Coutinho.
Falando de pé, um acontecimento raro na AL, e em português, Alves exigiu "provas" das acusações de San e acusou o seu colega de proferir um discurso fácil e populista para incitar o ânimo da população mais incauta.
Já Pereira Coutinho salientou na sua intervenção que as afirmações de San foram insultuosas para os portugueses que vivem e viveram em Macau e exigiu que o deputado se retratasse do que disse, algo que San não fez, salientando apenas que assumia a "responsabilidade política" da sua intervenção.
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