O turismo vê no cinema “um novo filão a explorar”. Sagres faz de Flandres no primeiro do lote de filmes a rodar na região.
"La Conjura de El Escorial" (A Conspiração de El Escorial), que incluiu dois dias de filmagem em Sagres, na quinta e na sexta-feira, é o primeiro de quatro filmes que Joaquim de Almeida já atraiu para a região à frente da Algarve Film Commission, participando como personagem. Em 2008, serão rodados no Algarve o "Mala Muerte", produção espanhola-colombiana, "Entre Colegas", um road movie brasileiro, e "Sonho Submerso", uma produção portuguesa no Zoomarine de Albufeira.
Atraindo curiosos e turistas de passagem, o porto de Sagres serviu de plateau para filmagens que reconstituíam a Flandres do séc. XVI. Lá estava a caravela "Boa Esperança", emprestada pela Região do Turismo do Algarve (RTA), e a nau "Vitória", que veio de Cádis. “O filme gira à volta da tentativa de assassínio de Filipe II e da luta de poder entre os Mendonças e os Alba, imediatamente antes da anexação de Portugal a Espanha”, explica José Manuel Lopes, director-geral da Film Commission.
O projecto da Film Commission para trazer cinema ao Algarve é entusiasticamente apoiado pela RTA, que acredita haver aqui um novo filão a explorar.
Na peugada da Andaluzia.
O exemplo de referência é a Film Commission da Andaluzia, ‘apadrinhada’ pelo actor António Banderas, e à conta da qual Sevilha arrecadou no ano passado 9 milhões de euros de receitas. “Em seis meses, a Algarve Film Commission conseguiu atrair quatro filmes. Há aqui um poço de petróleo para explorar”, sustenta António Pina, presidente da RTA, para quem “a ambição não tem limites” e o Algarve pode chegar aos níveis da Andaluzia. “O nome de Joaquim de Almeida chama. Por mim, está nomeado embaixador do Algarve para as questões do cinema”.
O projecto já foi avançado à Câmara de Portimão, que ficou interessada em ceder terrenos de 3 a 4 hectares para montar uma ‘cidade-estúdio’, em parceria com privados. “Além do sol e desta luminosidade que temos, são precisos mais dois trunfos: o estúdio em Portimão e uma taxa especial de IVA para produção de filmes”. Pina promete ele próprio interceder junto do Governo para este objectivo de criar um ‘turismo de cinema’ no Algarve, à semelhança de Espanha e Marrocos.
O presidente da RTA já convidou o realizador Luís Filipe Costa a retirar-se no Algarve para escrever um filme sobre Teixeira Gomes, e quer trazer 7 a 8 realizadores internacionais a “ver as belezas algarvias de helicóptero”. Cerca de 30% dos custos de um filme costumam ficar no local onde é rodado, mas a visão de Pina vai além do retorno imediato nos hotéis e restaurantes locais. “O projecto de cinema no Algarve era uma Bela Adormecida. Veio um príncipe, deu-lhe um beijo e ela acordou. Eu quero ser esse príncipe”, conclui.
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