Activistas guineenses radicados em Portugal questionam a autenticidade do que oficialmente foi classificado, pelo ministro guineense da Administração Interna, Cipriano Cassamá, de "tentativa de golpe de Estado", na sequência do ataque à residência particular do presidente da Guiné-Bissau, "Nino" Vieira.
"Tudo isto me parece uma encenação", disse Fernando Casimiro, que não poupa palavras nas críticas que lança ao presidente "Nino". "Isto é uma estratégia que visa permitir acusar algumas pessoas incómodas ao regime e utilizar a inevitável vitimização perante a sociedade e os países daquela região de África", explica aquele activista, que estabelece uma relação entre os resultados das últimas eleições legislativas (que dão maioria qualificada ao PAIGC) e o terceiro lugar do Partido Republicano para a Independência e o Desenvolvimento, apoiado pelo "Nino", atrás do Partido da Renovação Social, de Kumba Ialá.
Outro activista, que solicita o anonimato, vai mais longe e atribui a "encenação" à manifesta e pública vontade de Carlos Gomes Júnior, líder do PAIGC, em combater o narcotráfico, face à necessidade de satisfação de "algumas clientelas poderosas" que gravitam em torno do poder. "Então o Ministério da Administração Interna descobriu que ia haver um ataque e não tirou o presidente da sua residência? Alguém acredita?", questiona.
Ambos sublinham, a cada passo, que nas mãos do presidente estão entregues poderes como o de declaração de estado de sítio, o que acontecer impediria, por exemplo, a publicação dos resultados eleitorais.
E é neste último ponto da sempre bem-vinda "teoria da conspiração" que pode estar a razão desta suposta tentativa de "coup d'etat".
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