A sardinha capturada na costa marítima portuguesa é a única espécie de peixe em toda a Península Ibérica que a partir de sexta-feira passa a ter certificação de qualidade, como resposta às preocupações sobre a sustentabilidade dos recursos.
O presidente da Associação Nacional das Organizações da Pesca (ANOP) do Cerco, Humberto Jorge, disse que o processo de certificação iniciado há dois anos está a ser concluído e é inovador tendo em conta que "na Península Ibérica é a primeira espécie a ser certificada com uma etiquetagem ecológica".
A partir de sexta-feira, as embarcações do cerco e as indústrias de transformação que cumpram as normas estabelecidas no âmbito desta certificação vão passar a comercializar a sardinha usando o rótulo azul distintivo atribuído pela organização "Marine Stewardship Council" (MSC).
"Esta certificação é uma oportunidade para toda a fileira da sardinha no sentido em que vai deixar de pensar na sobrevivência e vão passar a pensar e planear a sua actividade com base na sustentabilidade e durabilidade do recurso", afirmou Humberto Jorge.
Segundo o dirigente, consumidores de mercados mais exigentes, como o inglês, começam a ter uma consciência ambiental cada vez maior, a que o sector tem de saber dar resposta, nomeadamente através da regulamentação de limites à captura de stocks, uma vez que a sardinha é a líder das espécies mais capturadas no país.
"Grande parte da nossa produção vai para o mercado externo e vai sobretudo para países do norte da Europa onde a sensibilidade em relação ao rótulo ecológico é muito grande nos produtos alimentares e, portanto, acreditamos que a certificação nos vai trazer uma mais-valia em termos de competitividade com outros produtos que também são vendidos em conserva", justificou.
Com a certificação da sardinha fresca, congelada ou em conserva, o sector aguarda com expectativa que o consumidor possa também valorizar o preço de venda do pescado, aumentando a rentabilidade de toda a fileira.
Para o segmento da produção, a certificação não vem trazer mudanças à faina nem vai obrigar a investimentos nas embarcações.
"É um sector em que 95% das embarcações são aderentes a organizações de produtores e já têm regras que são aplicadas no dia-a-dia", disse Humberto Jorge.
Neste sentido, mais de uma centena de embarcações em todo o país da pesca do cerco vão poder passar a capturar e vender sardinha certificada.
Por ano, são capturadas cerca de 60 mil toneladas de sardinha em toda a costa portuguesa e em 2008 as embarcações facturaram 45 milhões de euros com a venda de sardinha.
A MSC é uma organização internacional sem fins lucrativos que é responsável pela certificação da qualidade ambiental do pescado.
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