O primeiro mapa manuscrito de Portugal que chegou aos dias de hoje, datado de 1640, vai ser doado pela Fundação Calouste Gulbenkian à Biblioteca Nacional (BNP), que o integrará na sua secção de cartografia.
Joaquina Feijão, responsável da secção de Cartografia da BNP, afirmou-se "emocionada" por vir a albergar esta "peça importantíssima que será agora alvo de estudos e possíveis publicações". O mapa, de autoria de João Teixeira Albernaz I, foi adquirido pela Fundação em 1964 a um livreiro de Turim (Norte de Itália), que o recuperou de uma cave de uma residência.
"A compra do mapa foi proposta à Gulbenkian, que o adquiriu depois de um aturado estudo de Armando Cortesão, que lhe reconheceu a autenticidade", explicou a responsável.
Fonte da administração da Fundação Calouste Gulbenkian disse à Lusa que o mapa não fazia parte da sua colecção e estava nas reservas do Museu, tendo-se decidido doá-lo para tornar a sua leitura e estudo mais acessíveis aos investigadores.
O mapa do «Reino de Portugal», de João Teixeira Albernaz I, de 132X234 cm, consta de seis folhas coladas de manuscrito em pergaminho, é colorido e tem escala de 1:291.000.
«O mapa encontra-se orientado a Leste, em direcção a Espanha e não a Norte», disse à Lusa Joaquina Feijão.
Na realidade este não é o primeiro mapa manuscrito que se conhece, mas o que chegou aos dias de hoje, esclareceu a mesma fonte da BNP. "Terá havido um mapa de Pedro Seco, datado de 1560, de que só se conhece a versão impressa, tendo-se perdido o original manuscrito", disse Joaquina Feijão.
João Teixeira Albernaz I, para que se distinga de um seu neto homónimo e também cartógrafo, João Teixeira Albernaz II), nasceu em Lisboa, provavelmente no último quartel do séc. XVI.
"É autor de inúmeros mapas, é este o único que abarca a totalidade do país. A representação do território nacional estende-se a algumas regiões contíguas de Espanha, nomeadamente, a Norte até Vigo e a Sudeste até Cádis", explicou Joaquina Feijão.
Sem comentários:
Enviar um comentário