“Espanha deve compreender que o tempo do colonialismo acabou”. Foi com estas palavras que o primeiro-ministro marroquino criticou a visita do rei Juan Carlos aos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, reclamados por Rabat.
“Ceuta e Melilla fazem parte integrante do território nacional e a sua recuperação far-se-á através de negociações directas como aconteceu com [as cidades de] Tarfaya, Sidi Ifni e com o [deserto do] Sara marroquino”, declarou Abbas el-Fassi, líder do partido nacionalista Istiqlal. Esta deslocação, acrescentou, “constitui uma provocação aos sentimentos do povo marroquino e não modificará em nada a pertença histórica e geográfica das duas cidades a Marrocos”, conclui El-Fassi.O rei Juan Carlos visita, pela primeira vez desde que assumiu o trono espanhol, as duas cidades autónomas, encravadas na costa marroquina. À chegada a Ceuta, onde o esperavam dezenas de milhares de pessoas, o monarca não comentou a polémica, dizendo apenas que vinha saldar uma dívida que tinha com a cidade. A maioria dos que acorreram a acolher os reis eram, segundo as agências internacionais, espanhóis de confissão católica que constituem pouco mais de metade dos 75 mil habitantes da cidade portuária, que Madrid manteve sob a sua tutela mesmo depois de reconhecer a independência de Marrocos, em 1956. A deslocação foi repudiada pelas autoridades marroquinas, tendo o rei Muhammad VI convocado o embaixador em Madrid para consultas – um gesto diplomático que expressa forte desagrado pela acção das autoridades do país onde o diplomata está destacado. Esta tarde, milhares de marroquinos juntaram-se em protesto em Bab Sebta, nos arredores de Ceuta, em protesto contra a visita de Juan Carlos, enquanto perto de uma centena se manifestaram junto ao consulado espanhol em Casablanca.
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