O "enraizamento" da língua portuguesa em Timor-Leste é "um esforço de longo prazo", que só estará completo dentro de duas gerações, na melhor das hipóteses, afirmou hoje em Lisboa o presidente timorense, José Ramos-Horta.
Ramos-Horta, que prossegue hoje a sua visita oficial de dois dias a Portugal, a primeira enquanto Chefe de Estado timorense, falava no Palácio de Belém após uma audiência de cerca de uma hora com o presidente Aníbal Cavaco Silva. Questionado pela imprensa acerca dos progressos do ensino da língua portuguesa em Timor-Leste, que tem a oposição de alguns quadrantes, Ramos-Horta afirmou que "o desenvolvimento nota-se", mas que os resultados práticos surgirão mais tarde. "Quem participou, como eu participei desde 2000/2001 na defesa da opção do português como língua oficial, pode ver a melhoria na introdução, mas o esforço tem de continuar, é um esforço a longo prazo, são necessárias pelo menos mais duas gerações para que o português se enraíze", afirmou. O presidente timorense lembrou que a história da língua portuguesa em Timor-Leste fez-se de "dificuldades e controvérsia", que obrigaram à necessidade de "esclarecer o povo timorense sobre a necessidade de introdução da língua portuguesa lado-a-lado com o tétum".
De todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste é o único que tem duas línguas oficiais. Portugal e também o Brasil têm suportado os custos do ensino da língua, e, segundo Ramos-Horta, também o Estado timorense vai começar a fazê-lo, em 2008. "A língua é um elemento fundamental de identidade, principalmente no mundo global", disse o chefe de Estado, que manifestou a disponibilidade portuguesa para "acolher sempre" pedidos que venham a ser feitos por Timor neste domínio.
Cavaco Silva lembrou o papel de Portugal na independência timorense, e que Timor-Leste é actualmente o principal parceiro de cooperação português, estando actualmente em curso um programa indicativo com duração até 2010.
Sem comentários:
Enviar um comentário