Os conselheiros das comunidades portuguesas Manuel de Melo e António Dias Ferreira estão "indignados" com o CDIP, o organismo que coordena os serviços da instrução pública na Suíça. Na origem de tal sentimento, uma nota informativa enviada aos cantões, a propósito do encontro com o secretário de Estado António Braga, que "vexa" e "injuria" os portugueses. O documento constata que os alunos portugueses obtêm os resultados mais baixos entre estrangeiros (comparáveis apenas com os dos turcos), estão sobre-representados nas turmas de ensino especial e raramente acedem a uma formação pós-obrigatória. Causas? Os pais manifestam "um desinteresse quase total" na escolarização dos filhos; "as famílias são, geralmente, de origem modesta (para não dizer mais);" a comunidade portuguesa na Suíça é uma comunidade "sem cabeça", isto é, não dispõe de nenhuma elite que lhe possa servir de modelo.
Braga nega ter participado num encontro com tais "considerandos". Este texto, porém, é preparatório da reunião de 12 de Julho entre as delegações de Portugal (chefiada por António Braga) e da Suíça (chefiada por Isabelle Chassot, presidente da CDIP).
O organismo suíço "tira conclusões escabrosas que revelam um desrespeito profundo" e "demonstram um desconhecimento absoluto" da comunidade portuguesa, na qual se "destacam professores universitários, médicos, políticos, sindicalistas, empregados bancários, quadros superiores em muitas empresas, empresários, etc.", concluem os conselheiros. "Não são todos mal alfabetizados e incapazes, como retrata a confederação", vinca Melo. Segundo Melo, há uma onda de indignação a percorrer a comunidade desde que o documento se tornou público.
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