Luanda desembainhou e, colocando-se contra a posição de meio mundo, esgrimiu a espada contra Lisboa e Washington. Motivo: o levantamento das “sanções inteligentes” contra o país dirigido por Robert Mugabe e a participação do mesmo na II Cimeira União Europeia/África.
Ao Palácio de São Bento e à Casa Branca só restaram duas opções: a espada ou a parede. E, como era de esperar, José Sócrates e George Bush escolheram… a parede.
Com o consentimento tácito da SADC, Angola quer (o verbo querer não passa de um eufemismo político-diplomático para não se dizer que exige) que o Zimbabué participe na II Cimeira UE/África a ser realizada nos dias 8 e 9 de Dezembro na capital portuguesa.
O desejo de Luanda, para não dizer imposição, levou recentemente os EUA a engolir em seco e revelou que, no contexto regional, Angola (des) manda, pode e sacode quando quer, o que quer e como quer quando bem lhe apetece. Ou seja, presentemente não há divergência política, militar ou ainda diplomática em África que não se discuta e, se a isso Eduardo dos Santos estiver disposto, se resolva na Cidade Alta. A provar isso está a declaração da sub-secretária de Estado norte-americana para os Assuntos Africanos feita recentemente à Comunicação Social angolana em Luanda segundo a qual “os EUA estão desapontados pelo facto de a UE ter convidado o Zimbabué para participar na II Cimeira UE/África”.
Jendayi Frazer admitiu, por outro lado, que compreende a posição europeia (politicamente não ficava bem dizer posição de Angola) ao não querer que o Zimbabué seja um problema a impedir a realização da Cimeira. A funcionária sénior da administração norte-americana sublinhou que a UE quer que os países africanos compareçam e tem medo que alguns não o façam por causa do Zimbabué e por isso está a evitar o problema convidando-o. Para os EUA, o convite da UE ao Zimbabué para participar na II Cimeira UE/África colide com o que a administração Bush defende como melhor solução para a crise zimbabueana, o seu isolamento total.
Por Jorge Eurico in Notícias Lusófonas
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