quinta-feira, junho 14, 2007

Rio de Onor de Portugal unida ao 'pueblo' vizinho

Com a seiva cultural e afectiva de velhos costumes, Rio de Onor, aldeia comunitária do Nordeste transmontano, concelho de Bragança, e Rio D´Onor de Castilla voltam a unir os seus destinos.

Desta vez, sob os auspícios da União Europeia (UE).
Contra fronteiras absurdas, a de Zamora, o catedrático Valentín Cabero, da histórica Universidade de Salamanca, lidera um projecto que visa captar fundos europeus, através dos programas de cooperação transfronteiriça, ou por financiamento directo da UE.

Com um milhão e meio de euros, Rio de Onor transformar-se-ia na primeira aldeia europeia, uma fusão já lavrada na prática, com casamentos entre os dois povos, o trato dos campos e a língua comum: o riodonorês, em vias de estiolar.
Conforme esclareceu o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Onor, António José Preto, também ele filho de mãe espanhola, "o projecto quer trazer benefícios até estes vales". De concreto, aponta a construção de uma escola bilingue (português e riodonorês), um restaurante, melhoria dos acessos e recuperação de casas típicas.
A aldeia, "de 70 pessoas, está envelhecida, os 30 e tal fogos precisam de obras, para não falar nos palheiros". Preto, filho dos Prietos, é categórico: "Sempre considerámos que só havia uma aldeia. Existem familiares dos dois lados e propriedades comuns. Cultivamos batata, feijão e beterraba, eles em menos quantidades, pois no pueblo apenas vivem à volta de 30 pessoas."

Os investimentos tornam-se vitais para evitar a morte de um património fabuloso, uma democracia antes de ela ser institucionalizada. É, pois, uma questão de vivificar um património que trepa ao fascínio. Trata-se, enfim, de resgatar ao esquecimento, ao abandono, uma vivência que o investigador Jorge Dias transpôs para memorável livro. Só que Rio de Onor não pode ser uma espécie de reserva empobrecida para deleite dos forasteiros. Impõe-se, com as ajudas comunitárias, proporcionar qualidade de vida aos seus habitantes, até para melhor acolherem os turistas.António Preto conta que ainda hoje toca o sino e reúne o conselho e são nomeados os homens que vão amanhar os campos de todos, ou pastorear as 200 cabeças de ovelhas.

in DN

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